Cigarro compromete cerca de 8% da renda mensal no Brasil, diz Instituto do Câncer

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um levantamento do Inca (Instituto Nacional do Câncer) concluiu que fumantes no Brasil comprometem cerca de 8% da renda familiar per capita mensal para consumo de cigarros industrializados. Entre os mais jovens, menos escolarizados ou em pessoas que vivem em estados mais pobres, o percentual é até mais alto.

Publicado no Dia Mundial sem Tabaco, nesta quarta (31), o relatório contou com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019 para que os pesquisadores estimassem o impacto da compra de cigarros na renda da população. Entre os autores, está André Szklo, pesquisador da divisão de pesquisa populacional do Inca.

Para ele, o dado “reforça ainda mais a necessidade de que a reforma tributária tenha um olhar sobre a política de preços e impostos de produtos derivados do tabaco”. Desde 2016, não ocorre reajuste na taxação dessas mercadorias, assim como não houve o aumento no preço mínimo praticado.

Além do dado nacional, o estudo estratificou o gasto pelos estados do país. O Acre é o que apresentou o maior percentual: cerca de 14% da renda familiar per capita é destinada ao cigarro. Por outro lado, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal foram as duas unidades com a menor média, com 6%.

Nos mais jovens, o gasto se encontra acima da média do país. Entre aqueles com 15 a 24 anos, o custo de fumar é de aproximadamente 10% da renda per capita do domicílio. Menos escolarizados também chamaram atenção dos pesquisadores: quem não finalizou o ensino fundamental, compromete cerca de 11% do orçamento.

“Nós temos uma parcela de indivíduos que permanecem fumando […] ou uma parcela de jovens que iniciam o comportamento de fumar porque acabam encontrando um produto barato”, afirma.

Szklo enxerga que os dados são um indicativo da importância de aumentar os preços do cigarro. Ele explica que isso faz com que as pessoas deixem de fumar ou nem comecem o hábito associado a uma série de problemas de saúde.

A lógica não é nova: pesquisas tanto no Brasil quanto em outros países já indicaram que o aumento no preço é uma das principais formas de diminuir o consumo do tabaco. A medida é uma das recomendadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para combater o acesso ao produto.

Autor(es): SAMUEL FERNANDES / FOLHAPRESS

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