SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Grande São Paulo registrou a queda de dois balões em áreas de risco neste domingo (4). Um dos casos aconteceu em região próxima do aeroporto de Congonhas, na zona sul da capital, e colocou em alerta controladores de tráfego aéreo.
Segundo a PM (Polícia Militar) Ambiental, o balão estava “na iminência de cair sobre as casas e a rede elétrica” quando foi localizado pela equipe de patrulhamento. Cerca de 30 pessoas, pertencentes a um grupo de baloeiros denominado Família Meduza, faziam o resgate do artefato.
A maior parte do grupo fugiu ao perceber a chegada dos policiais, mas dois homens acabaram detidos e levados ao 26º DP (Sacomã). O balão apreendido tem aproximadamente dez metros de altura e uma bandeira de seis metros.
Os dois suspeitos foram multados em R$ 20 mil cada. A legislação ambiental prevê reclusão de um a três anos e multas a partir de R$ 10 mil para quem fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios florestais ou em áreas urbanas. Como houve um agravante (a ocorrência ter sido num domingo), o valor da penalidade foi dobrado.
A dupla também pode responder criminalmente pelo risco causado ao tráfego aéreo. O código penal impõe prisão de dois a cinco anos pela exposição de aeronave ao perigo.
Reportagem da Folha revelou que neste ano a frequência dos incidentes envolvendo balões em áreas de aeroportos brasileiros atingiu patamar recorde. De janeiro a maio, o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) registrou 436 ocorrências, equivalente a três casos por dia. A tendência é que as ocorrências se multipliquem com a aproximação do período de festas juninas.
Também neste domingo, a queda de um balão criou risco de incêndio no parque estadual do Juquery, na região norte da Grande São Paulo. A estrutura já estava parcialmente queimada quando o material foi apreendido por funcionários e guardas-civis. Os responsáveis não foram encontrados.
Em 2021, um incêndio de provocado por balão devastou cerca de 80% da área do Juquery, unidade de preservação que abriga a última parcela remanescente de Cerrado na região metropolitana de São Paulo.
O episódio motivou ação conjunta entre PM Ambiental, MP-SP (Ministério Público de São Paulo) e outras organizações para monitorar e fiscalizar as atividades de baloeiros. No ano passado, o grupo foi responsável pela apreensão de 129 balões e autuação de 257 pessoas – somadas, as multas ultrapassam R$ 2,5 milhões.
O Corpo de Bombeiros alerta para o risco de incêndio em áreas urbanas e em vegetação — nesse ano, duas ocorrências em São Paulo exigiram o atendimento da corporação. Autoridades orientam a população a denunciar a atividade pelos telefones 190 (Polícia Militar) e 181 (disque-denúncia). O MP também disponibiliza canal de denúncia anônima na internet.
Autor(es): LEONARDO ZVARICK / FOLHAPRESS