Entenda o que levou à restrição de voos no Santos Dumont

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O governo Lula concordou, nesta quarta (14), em restringir os voos no aeroporto Santos Dumont para transferir parte da operação ao aeroporto internacional do Galeão, segundo o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD).

A situação ocorre por conta de um desequilíbrio entre os dois grandes aeroportos do município. Em 2022, o Santos Dumont teve um salto na movimentação de passageiros, e lideranças locais avaliam que o terminal opera acima da sua capacidade.

Com a mudança, o aeroporto vai ficar apenas com as pontes aéreas do Rio para São Paulo e do Rio para Brasília. Os demais voos domésticos serão deslocados para o Galeão. Paes prevê que as medidas entrem em vigor a partir de janeiro de 2024.

Para lideranças fluminenses, a decisão de frear a demanda no Santos Dumont era necessária para gerar maior coordenação no tráfego aéreo do Rio e direcionar mais voos ao Galeão, que passou por esvaziamento e entrou em processo de relicitação no ano passado.

Junto ao prefeito da capital fluminense, Cláudio Castro (PL), governador do estado do Rio de Janeiro, também cobrava medidas rápidas do governo federal.

Segundo eles, o esvaziamento do Galeão está associado principalmente à falta de coordenação entre os dois terminais. Ainda questões como a distância do aeroporto internacional para o centro do Rio (cerca de 15 km) e o receio de insegurança em vias de acesso ao terminal não eram pontos principais em discussão.

O Santos Dumont fica próximo de empresas instaladas no centro do Rio e de pontos turísticos da zona sul. Já o outro terminal fica na zona norte e seu acesso, feito por vias como a Linha Vermelha, costuma receber reclamações sobre sensação de insegurança e de engarrafamentos.

A capacidade anual do Santos Dumont é estimada em 9,9 milhões de passageiros pela Infraero, empresa pública federal que administra o aeroporto, voltado para a aviação doméstica.

Porém, em 2022, o terminal recebeu 10,17 milhões de viajantes, entre embarques e desembarques, o maior número de uma série histórica com dados disponíveis desde 2012 no site da Infraero.

A alta foi de 49,5% em relação a 2021 (6,8 milhões). No pré-pandemia, o contingente estava próximo de nove milhões -foi de 9,1 milhões em 2019 e de 9,2 milhões em 2018.

Em nota, a companhia responsável afirmou que o terminal “opera dentro da margem da atual capacidade” e que são adotadas melhorias contínuas no processamento de passageiros, junto às empresas aéreas, para obtenção de ganhos de eficiência e garantia dos mesmos níveis de segurança e qualidade.

Por sua vez, o aeroporto internacional do Galeão recebeu 5,7 milhões de passageiros pagos em 2022, segundo a Anac.

O número, que soma voos nacionais e internacionais, equivale a apenas 41,8% do patamar de 2019 (13,7 milhões), no pré-pandemia. Ao longo da década passada, o Galeão chegou a receber mais de 16 milhões de viajantes por ano.

Para autoridades locais, o esvaziamento guarda relação com o inchaço do Santos Dumont.

Em fevereiro de 2022, a RIOgaleão, concessionária responsável, anunciou pedido de devolução. A empresa associou a medida a dificuldades econômicas agravadas pela pandemia.

Com isso, o governo Bolsonaro passou a projetar um leilão em conjunto do Galeão e do Santos Dumont. Por essa lógica, um mesmo grupo investidor poderia ficar com a administração dos dois terminais. No entanto, isto não ocorreu.

Em novembro, a RIOgaleão, que é controlada pela Changi, de Singapura, assinou com ressalvas um termo aditivo para dar andamento à devolução.

À época, a Anac indicou que, ao assinar o documento, a concessionária declararia “adesão irrevogável e irretratável à relicitação”.

Porém, com a troca de governo, o debate ganhou novos contornos. Após reunião no Rio em janeiro, o ministro Márcio França (Portos e Aeroportos) sinalizou interesse da gestão Lula e da própria empresa em costurar um acordo para a permanência da atual concessionária.

Autor(es): LEONARDO VIECELI / FOLHAPRESS

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