Joelinton na seleção premia versatilidade e supera previsão de ex-técnico

RIO DE JANEIRO, RJ (UOL-FOLHAPRESS) – Se o técnico Eduardo Baptista disse, em 2014, que Joelinton, então revelação do Sport, era “jogador de Europa”, a presença na convocação deste domingo (28) da seleção brasileira extrapola a previsão.

Trata-se de uma diferença positiva entre expectativa e a realidade daquele que não é mais centroavante, como nos tempos do clube pernambucano. Joelinton mudou de posição. Hoje aos 26 anos, virou meio-campista, ficou mais forte e foi premiado após uma metamorfose das funções desde que chegou ao Newcastle, da Inglaterra.

“Joelinton é um jogador muito forte, dinâmico, com intensidade muito boa. Jogador que pode fazer três funções, pode jogar de terceiro homem, segundo homem, até primeiro homem de meio de campo. É uma característica diferente dos atletas que trouxemos pela primeira vez. Jogador que tem dinâmica, velocidade, e está muito bem. Vem de uma liga muito forte, um time forte, junto com o Bruno Guimarães, e optamos por trazê-lo”, disse o técnico interino da seleção brasileira, Ramon Menezes.

**COMO JOELINTON MUDOU**

Joelinton era centroavante. Depois de passar por Hoffenheim, da Alemanha, e Rapid Viena, da Áustria, ele foi contratado pelo Newcastle em 2019.

Em dezembro de 2021, o técnico Ed Howe mudou a posição de Joelinton pela primeira vez, no segundo tempo da derrota por 4 a 0 para o Leicester. No jogo seguinte, Joelinton já começou como titular diante do Liverpool, sendo um dos três homens de meio-campo.

Joelinton virou imprescindível na nova função. Se na temporada passada o time brigava para não cair, o Newcastle desta vez terminou comemorando o retorto à Liga dos Campeões da Europa. O cenário deu mais força à convocação do brasileiro à seleção.

A mudança de posicionamento de Joelinton passou pela boa relação com Ed Howe e também uma procura pessoal de compreensão melhor do jogo. Por isso, ele conta com o serviço de análise de desempenho individual.

“Joelinton é um caso curioso nisso, porque nessa temporada ele já jogou de primeiro volante, de segundo volante, de armador, já jogou de extremo pelo lado esquerdo, extremo pelo lado direito. Foi a única temporada em que ele não jogou de centroavante, que sempre foi a posição dele”, afirmou ao UOL Diego Vieira, CEO da Outlier, que tem Joelinton como um dos clientes.

A produção do material por parte dos analistas pessoais envolve informações sobre o estilo de jogo do clube (cultura), do treinador em questão e da função que o jogador precisa executar. Há reuniões a cada semana, com duração média de 40 minutos. Nelas, os jogadores recebem atualizações sobre a partida anterior e também uma prévia do comportamento necessário para o jogo seguinte.

Joelinton precisou deixar de lado a “educação” como centroavante para absorver as ideias do que precisava implementar como meio-campista.

“Como centroavante, a gente trabalhava muito no posicionamento de área, para ele estar no ponto cego dos zagueiros, atacar espaço e tudo mais. Ele jogando de 8, esse tipo de comportamento já muda, e aí você precisa alinhar com ele, ver a percepção dele para poder fazer com que esteja cada vez mais claro na cabeça a função que ele vai fazer”, completa Diego, classificando como “admirável” a capacidade de Joelinton de adaptação às funções novas.

**NO QUE JOELINTON SE DESTACA**

“O comprometimento defensivo dele é extremamente alto. E o que eu quero dizer é de pressionar o adversário, de reduzir o espaço adversário, de fazer retorno defensivo, de reequilibrar uma linha para o companheiro dele. O Joelinton faz isso de um nível muito alto, ainda mais pensando que ele era um centravante a pouco tempo atrás. E fisicamente ele é um trator”.

“Na parte ofensiva, a presença de área dele, como ele consegue chegar no último terço com o volume muito alto, inclusive pela capacidade física dele, a capacidade dele de conseguir finalizar em momentos decisivos da partida. Em alguns momentos ele faz até uma função de armador dentro da equipe, principalmente quando ele tá jogando do lado direito”.

Diego Vieira, CEO da Outlier, que faz análise de desempenho junto a jogadores

**E O RAMONISMO?**

Agora na seleção brasileira, Joelinton vai precisar entender os planos de Ramon Menezes para os jogos contra Guiné e Senegal, dias 17 e 20 de junho, em Barcelona e Lisboa, respectivamente.

Ramon só tem um jogo pela seleção principal, mas as análises que vão chegar nas mãos de Joelinton vão considerar o método de trabalho do treinador na seleção sub-20.

Atualmente, a Outlier tem três clientes no Brasil que disputa o Mundial Sub-20: os laterais Arthur e Kaiki Bruno, além do volante e capitão Andrey Santos. Andrey, inclusive, esteve na primeira convocação de Ramon, contra Marrocos e foi titular ao lado de Casemiro — posição que Joelinton também vai querer nas próximas partidas do Brasil.

Autor(es): IGOR SIQUEIRA / FOLHAPRESS

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