SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Latam suspendeu a emissão de passagens compradas pelo Hurb e acionou a Justiça contra a plataforma de viagens para cobrar dívida de R$ 10,78 milhões, segundo comunicado desta quarta-feira (31).
Somando multas e honorários, o valor em disputa sobe para R$ 13,61 milhões, segundo a empresa informou à Justiça, em ação do último dia 24.
A companhia aérea também pede em liminar que as contas do Hurb sejam bloqueadas para garantir o pagamento.
As viagens já programadas com bilhetes emitidos pelo Hurb serão honradas, segundo nota da Latam enviada à reportagem. “A companhia reforça que não cancelou nenhum deles.”
Procurado pela reportagem, o Hurb afirma que ainda não foi notificado pelos meios oficiais e, por questões legais, não comenta sobre a ação. “Estamos à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos.”
De acordo com o processo da Latam contra o Hurb, a plataforma de viagens não liquidou quatro compras feitas entre março e abril. A última delas venceu em 10 de abril.
No dia 18 daquele mês, a Latam notificou a dívida ao Hurb, que a reconheceu. Assim, nova data de vencimento foi definida para 21 de abril, segundo a empresa. Depois desta data, o Hurb teria deixado de responder aos emails à Latam, que buscou a via judicial.
Na terça-feira (30), o Hub demitiu 40% de seus 1.000 funcionários, um dia após a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), vinculada ao Ministério da Justiça, determinar que a plataforma de viagens suspendesse a venda de pacotes flexíveis.
Os pacotes flexíveis, em que clientes determinam apenas destino, sem definição da data de viagem, são a principal fonte de receita do Hurb. A plataforma de viagens teve um boom de procura durante a pandemia, quando era difícil fixar datas para voos e acomodações.
Em 2023, hotéis e pousadas vieram a público reclamar de calotes do Hurb e começaram a cancelar reservas de clientes da agência de viagens virtual. Na ocasião, o então chefe-executivo da companhia, João Ricardo Mendes, renunciou ao cargo depois de xingar consumidores em redes sociais. Otávio Brissant assumiu a posição.
Em encontro com a Senacon, no último dia 22, Brissant garantiu que todas as pessoas que compraram pacotes flexíveis iriam viajar. O Hurb se encontrou com diretores da secretaria para apresentar um plano de viabilidade de seus negócios.
O documento foi considerado insuficiente pela Senacon. O bloqueio da venda dos pacotes flexíveis veio na sequência, para proteger os consumidores, segundo o secretário Nacional do Consumidor, Wadih Damous.
O site do Hurb ainda ofertava pacotes flexíveis nesta quarta. Em nota enviada à Folha de S.Paulo na segunda (29), a plataforma de viagens disse à reportagem que não foi notificada pela secretaria e que, por questões legais, não comenta o processo.
Autor(es): PEDRO S. TEIXEIRA / FOLHAPRESS