SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Extintos há 66 milhões de anos, quando um meteoro (há quem acredite que foi uma chuva de meteoritos, na realidade) atingiu a Terra, extinguindo quase todos os organismos terrestres que pesavam mais de 40 quilos, os dinossauros continuam surpreendendo e fascinando de crianças a adultos.
Afinal, eles conquistaram e dominaram o planeta por cerca de 200 milhões de anos, durante a chamada Era dos Dinossauros, que se estendeu do período Triássico, há cerca de 260 milhões de anos, até o final do Cretáceo, 66 milhões de anos atrás.
Com diferentes formas, tamanhos, hábitos de vida e ecologia, os dinossauros com certeza foram os animais vertebrados que mais tiveram sucesso na história evolutiva da Terra.
Os mamíferos, que os sucederam na conquista do ambiente terrestre, têm cerca de 5.300 espécies atualmente. Se considerar as aves, que são os descendentes vivos de uma linhagem de dinossauros carnívoros, existiram mais de 13 mil espécies dos “lagartos terríveis”.
Nesta quinta-feira (1°), é comemorado o Dia Mundial do Dinossauro. Conheça abaixo seis das espécies mais bizarras já descritas.
**YI QI, O DINOSSAURO-MORCEGO CHINÊS**
Descoberto na China, esse dinossauro parece uma ave ou um morcego, mas não tem relação nem com um nem com o outro. Na verdade, ele é um dinossauro com plumas (mas não é uma ave) que possuía um osso longo na região conhecida como tarso (o osso do pulso) que se estendia para trás e conectava os dedos com uma membrana, semelhante ao que é encontrado nas asas de morcego.
Essa estrutura é encontrada também nos mamíferos planadores (como os esquilos-voadores) e em pterossauros (répteis voadores extintos), porém não existe nas aves, nos quais as asas são formadas por penas.
Com uma envergadura de aproximadamente 60 centímetros, o animal devia pesar 480 gramas e ter o tamanho parecido com uma gralha, porém mais encorpada. Ele viveu no Jurássico, há cerca de 160 milhões de anos, e faz parte do grupo de pequenos dinossauros chamado Scansoriopterygidae. O nome Yi qi (pronuncia-se “ii tchi”) significa “asa estranha” em mandarim.
**O ‘CABEÇUDO’ PACHYCEPHALOSAURUS WYOMINGENSIS**
Os paquicefalossauros são dinossauros ornitísquios (significa “cintura de ave”, diferente dos saurísquios, que possuem “cintura de lagarto”) e são dinossauros herbívoros quadrúpedes conhecidos pelo crânio avantajado. Não seria diferente com o Pachycephalosaurus wyomingensis.
Encontrado em sedimentos do Cretáceo da América do Norte, ele foi o maior dos paquicefalossaurídeos, com um crânio com uma espessura estimada de 23 centímetros. Os pesquisadores acreditam que essa protuberância na cabeça era usada no combate entre machos quando disputavam uma fêmea –quanto mais espesso, assim, mais dolorida seria a “cabeçada” no oponente.
O paquicefalossauro tinha também alguns espinhos ósseos na região do focinho e parte do crânio. Algumas marcas de combate em fósseis podem corroborar essa hipótese. Por outro lado, as vértebras do pescoço dos paquicefalossauros não eram fortes o suficiente para aguentar o combate.
**O DINOSSAURO CARNÍVORO “BOMBADO”, DEINOCHEIRUS MIRIFICUS**
Embora o temível Tyrannosaurus rex tenha até 6 metros de altura e uma boca cheia de dentes afiados, os seus bracinhos curtos são motivo de piadas mundo afora -como ele fazia para segurar suas presas?
Por outro lado, imagine um dinossauro carnívoro com aproximadamente 11 metros de altura e braços tão longos que quase chegassem até os joelhos, uma cabeça semelhante a de um cavalo -com focinho alongado e olhos laterais -e uma corcova. Esse é o Deinocheirus mirificus, animal que viveu há 72 milhões de anos na região onde hoje é o deserto da Mongólia.
O nome do gênero, inclusive, significa “mão horrível”. O animal é considerado um dos maiores dos dinossauros aparentados com as aves, a linhagem de dinossauros terópodes.
**A COURAÇA ESPINHOSA DE STEGOUROS ELENGASSEN**
Apesar de parecer uma espécie de tatu pré-histórico, o Stegouros elenganssen, achado em rochas da região da Patagônia chilena, não tem nada de amigável. Sua couraça cheia de espinhos e a cauda com formato de pá eram armas poderosas para afastar os predadores.
Como os outros anquilossauros, dinossauros herbívoros com essas estruturas de proteção, o Stegouros tinha o corpo robusto, com membros longos e cauda curta recoberta por osteodermas -as estruturas ósseas que formam a armadura. Ele viveu há cerca de 71 milhões de anos, durante o Cretáceo.
**TAPUIASAURUS MACEDOI, O “DINO MINEIRO” PESCOÇUDO E COM UMA CABECINHA**
Apelidado de “lagarto de Tapuia”, em referência aos indígenas tapuias da região do norte de Minas Gerais, onde foi encontrado, esse dinossauro pescoçudo brasileiro foi o primeiro –e até agora, mais antigo– a ser encontrado com o crânio preservado no Brasil. Mas mesmo com um tamanho estimado de cerca de 13 metros de comprimento, a cabeça do animal, porém, era reduzida para um titanossauro.
A descoberta foi feita por pesquisadores do Museu de Zoologia da USP. O nome da espécie homenageia o paleontólogo amador Ubirajara Macedo, que ajudou a encontrar os ossos do animal que viveu há cerca de 125 milhões de anos, na região onde hoje é o município de Coração de Jesus, em Minas.
**SPECTROVENATOR RAGEI, O CAÇADOR-FANTASMA**
A loteria paleontológica pode ser rara, mas às vezes acontece de algumas descobertas serem premiadas. Foi assim que pesquisadores encontraram e descreveram o dinossauro carnívoro Spectrovenator ragei -afinal, o fóssil foi achado debaixo do esqueleto do dinossauro herbívoro Tapuiasaurus macedoi!
Porém, apesar de ser um predador, como são os outros dinossauros terópodes, o Spectrovenator -que significa “caçador fantasma”, já que ele estava “escondido” debaixo do esqueleto do Tapuiasaurus- era nanico perto de outros dinossauros carnívoros.
Seu tamanho estimado é de 2,20 m, lembrando, assim, um “tiranossauro em miniatura”. Outra curiosidade: ele foi encontrado com o próprio pé na boca! Certamente, é uma descoberta única e improvável.
Autor(es): ANA BOTTALLO / FOLHAPRESS