PM cria cerco e entra na Terra Indígena Jaraguá após protesto que fechou rodovia em SP

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um dia depois de a tropa de choque da Polícia Militar usar bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para reprimir um protesto de indígenas contra o projeto de lei do marco temporal, em São Paulo, viaturas da PM cercaram e entraram nesta quarta (31) na Terra Indígena Jaraguá, zona norte da capital, constrangendo moradores.

Na terça (30), cerca de cem pessoas, entre indígenas e apoiadores, bloquearam a rodovia dos Bandeirantes (sentido capital) em manifestação contra o PL 490, que acabou aprovado na noite de terça na Câmara dos Deputados.

Ao menos duas viaturas estavam no entorno da terra indígena na manhã desta quarta-feira, a cerca de 500 metros da entrada da aldeia Tekoa Yvy Porã. À reportagem um dos agentes disse estar em “patrulha de rotina”. Procurada, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) não respondeu até a publicação deste texto.

A Folha apurou que os PMs monitoram a área por ordem da corporação, a fim para coibir novos protestos.

A reportagem chegou à aldeia por volta das 3h, e indígenas e apoiadores ainda aguardavam decisão das lideranças sobre um possível protesto nesta quarta, que acabou não acontecendo.

Por volta das 4h30, uma dupla de policiais abordou a reportagem e pediu credenciais de identificação do repórter e do fotógrafo. Em seguida, uma viatura surpreendeu quem estava presente no galpão principal ao entrar pela garagem e subir a rampa que dá acesso à aldeia.

Um dos indígenas disse à reportagem que a polícia já entrou na terra indígena em outras ocasiões.

No entanto, de acordo com informativo da Funai, que pode ser consultado no site oficial do governo federal, qualquer pessoa ou autoridade só pode entrar em terras demarcadas mediante autorização obtida após processo administrativo ou com permissão de “representantes dos povos indígenas” (caciques e lideranças).

No local os policiais conversaram com duas apoiadoras (voluntárias que dão suporte aos indígenas). Eles pediram a elas que mostrassem seus documentos e os fotografaram.

Autor(es): PEDRO MADEIRA E BRUNO SANTOS / FOLHAPRESS

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